A partir do nosso batismo somos chamados a ser testemunha de Jesus Cristo, exercendo nossa missão com amor e determinação onde somos inseridos. Hoje muitos procuram o batismo, mas sentimos que a Igreja está cada vez mais carente de testemunhas do evangelho. O que será que está acontecendo? O que está faltando? Isto é um questionamento que muitas pessoas estão fazendo e todos nós somos chamados a refletir juntos, para que possamos dar nossa parcela de contribuição. A solução não é imediata e nem simplesmente depende de alguns, mas depende da resposta que cada batizado dá à Pessoa de Jesus Cristo.

O Documento de Aparecida ao afirmar: “Não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande ideia, mas através do encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DAp, 2007, n.243, p.114), remete todo batizado a uma profunda reflexão e retomada de consciência; e referindo a catequese como caminho para formar discípulos missionários, chama-a  a uma renovação decisiva  do seu jeito de fazer catequese; uma catequese que conduz à Pessoa de Jesus Cristo e não somente apegado a sua doutrina. Ou seja, uma catequese mistagógica, que conduz ao mistério, o centro de nossa fé: Jesus Cristo. “Conhecer Jesus Cristo pela fé é nossa alegria; segui-lo é uma graça, e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher” (DAp, 2007, n.18, p. 17). Os pais são os primeiros escolhidos para iniciar seus filhos ao mistério de Jesus Cristo; Tem esta sublime missão que não pode ser deixada de lado, e nem ser somente confiada aos catequistas ou outros membros da comunidade ou paróquia. Todos os batizados são convocados a exercer essa missão onde está inserido com ousadia e determinação, para que de fato esse encontro pessoal com o Senhor aconteça.

 De acordo do o Documento 100 da CNBB, o Papa Francisco na JMJ Rio 2013, deixou claro que “não bastam encontros com palestras que informam sobre diversos temas. É preciso promover um processo metodológico capaz de envolver as pessoas no saber, no fazer e no ser cristão. Há muita informação, mas falta formar discípulos missionários” (Documento da CNBB 100, 2014, n. 305, p.155).

A formação dos discípulos missionários precisa articular fé e vida e integrar cinco aspectos fundamentais: o encontro com Jesus Cristo; a conversão; o discipulado; a comunhão; a missão. O processo formativo se constitui no alimento da vida cristã e precisa estar voltado para a missão, que se concretiza no anúncio explícito de Jesus Cristo, vida plena, para todos, em especial para os pobres. A formação não se reduz a cursos. Ela integra a vivência comunitária […] (Documento da CNBB 102, 2015, n.91, p. 66).

As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, (2015) ressalta que a Igreja tem a missão de suscitar por seu testemunho e pelas ações pastorais a vontade descobrir Jesus Cristo. Esta descoberta acontece através do “mergulho gradativo no mistério do redentor” (Documento da CNBB 102, 2015, n.33, p.36), para isso, é de suma importância o kerigma e a iniciação a vida cristã, que só acontece de modo pleno através do contato com a Sagrada Escritura. A prática da lectio divina é um dos caminhos que “favorece o encontro pessoal com Jesus Cristo, o verbo de Deus” (Documento da CNBB 102, n. 98, p.69), a todo aquele que o busca. “Ignorar as escrituras é ignorar o próprio Cristo” (Documento da CNBB 102, n. 47, p.44). O que dá sentido e fundamenta a vida e missão do discípulo missionário é a sua adesão ao projeto de Cristo e a sua pessoa, que se traduz na contemplação e no seu seguimento.  “A melhor motivação para decidir comunicar o evangelho é contempla-lo com amor, é deter-se nas suas páginas e lê-lo com o coração”, diz o Papa Francisco (Documento da CNBB 102, 2015, n.4, p.15).

De acordo com os documentos da Igreja, todas as pessoas através de seu batismo e das pastorais são chamadas a comprometer-se com a comunidade e colaborar com ela na tarefa da evangelização. Considerando a catequese como educadora da fé, como é definida em Puebla, vale repensar o seu papel na vida de cada catequisando e da comunidade em geral e questionar se realmente tem buscado cumprir a árdua tarefa de conduzir a uma profunda experiência do Mistério, respeitando o processo de cada pessoa em sua totalidade.

E você, qual tem sido sua contribuição nesta árdua missão de formar discípulos missionários? Qual tem sido sua resposta diante dos apelos de Jesus Cristo e da Igreja?

 Ir. Zeli Garcia Dutra (MNSG)